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Animação NÃO é Gênero | Indicados ao Oscar 2022

Updated: Apr 8, 2022

Conforme prometido no episódio anterior, essa semana vamos começar a falar sobre animações, um assunto que nós duas amamos (clique aqui para ouvir o episódio) E começaremos sendo polêmicas, talvez, mas dizendo algo que precisa ser dito: Animação não é um gênero cinematográfico!


Loving Vincent, 2017

O que queremos dizer com isso? Vamos aproveitar o gancho do Oscar e citar os cinco indicados na categoria de Melhor Animação esse ano: “A Família Mitchell e a Revolta das Máquinas”, que é uma comédia/ficção científica; “Encanto”, que é uma comédia musical; “Fuga”, documentário; “Luca”, uma fantasia coming of age (sobre crescimento e amadurecimento); e “Raya e o Último Dragão”, que é um filme de ação-aventura-fantasia. Viram só? Cinco filmes, todos de gêneros diferentes.


Ninguém chamaria live-action de gênero, não é?! Da mesma forma, animação não é um gênero por si só, mas uma mídia, um formato para se contar histórias audiovisuais que pode conter todo e qualquer gênero existente no Cinema, embora alguns gêneros sejam menos explorados que outros, como por exemplo, o terror.


Naturalmente, pensamos em desenhos como algo lúdico e frequentemente os associamos ao público infanto-juvenil, mas isso não quer dizer que todas animações sejam para crianças ou apenas para elas; nem que qualquer filme infanto-juvenil também seja do mesmo gênero.


Distopia em WALL-E, 2008

Vamos a alguns exemplos de animações por gênero:

  • Super-Herói - “Os Incríveis” (The Incredibles, 2004), direção e roteiro de Brad Bird; “Operação Big Hero” (Big Hero 6, 2014), dirigido por Don Hall e Chris Williams e roteiro de Jordan Roberts, Robert L. Baird e Daniel Gerson;

  • Apocalipse/Distopia - Wall-E (2008), dirigido por Andrew Stanton e roteiro de Jim Reardon; “Nausicaa do Vale dos Ventos” (Kazi no tani no Naushika, 1984), direção e roteiro de Hayao Miyazaki;

  • Drama - Persepolis (2007), direção e roteiro de Vincent Paronnaud e Marjane Satrapi; “O Corcunda de Notre-Dame” (The Hunchback of Notre Dame, 1996), dirigido por Gary Trousdale e Kirk Wise e roteiro de Irene Mecchi, baseado no romance “Notre Dame de Paris”, de Victor Hugo;

  • Comédia Dramática com temática LGBTQIA+ - “Padrinhos de Tóquio” (Tôkyô goddofâzâzu, 2003), direção e roteiro de Satoshi Kon;

  • Crime - “O Homem Duplo” (A Scanner Darkly, 2006), direção e roteiro de Richard Linklater, baseado no livro homônimo de Philip K. Dick;

  • Faroeste - Rango (2011), direção e roteiro de Gore Verbinski;

  • Biografia - “Com Amor, Van Gogh” (Loving Vincent, 2017), direção e roteiro de Dorota Kobiela e Hugh Welchman;

  • Terror - mais brandos: ParaNorman (2012), direção e roteiro de Chris Butler; “Coraline e o Mundo Secreto” (Coraline, 2009), direção e roteiro de Henry Selick, baseado no livro de Neil Gaiman; “O Estranho Mundo de Jack” (The Nightmare Before Christmas, 1993), direção de Henry Selick e roteiro de Caroline Thompson (com história e personagens criados por Tim Burton); “A Noiva Cadáver” (Corpse Bride, 2005), roteiro e direção de Tim Burton; Frankenweenie (2012), direção de Tim Burton e roteiro de John August; “A Casa Monstro” (Monster House, 2006), direção de Gil Kenan e roteiro de Dan Harmon, Rob Schrab e Pamela Pettler. Mais barra pesada: Attack on Titan (tem o anime e uma série de filmes), Perfect Blue (Pâfekuto burû, 1997), dirigido por Satoshi Kon e roteiro de Sadayuki Murai; Seoul Station (Seoulyeok, 2016), direção e roteiro de Sang-ho Yeon.


O terror psicológico de Perfect Blue, 1997

Empolgamos um pouquinho nos exemplos de terror porque cismamos que era um gênero menos explorado nas animações e percebemos que mais no ocidente e nos longa-metragens. No oriente e em seriados (animes), o gênero é mais recorrente.


Mas, voltemos aos filmes do Oscar. Além da diferença de gêneros, alguns apresentam diferenças bem marcantes nas técnicas de animação utilizadas. E, lembrem-se: em animação, NADA é ao acaso! Tudo pode ser controlado e modificado, dessa forma, mesmo as menores coisas foram minuciosamente pensadas e elaboradas.


Fuga (tradução em português de Flugt), “Flee: Nenhum Lugar Para Chamar de Casa” (Flugt, 2021), direção e roteiro de Jonas Poher Rasmussen, é um documentário, contado através de animações. O conceito para a equipe de animação foi que o resultado final fosse levemente realista, com inspiração e toques de graphic novels e em estilo 2D. Para tanto, a técnica utilizada foi a rotoscopia (filmar pessoas e depois desenhar por cima, grosseiramente falando), mas com ligeiras alterações, justamente porque os personagens tinham que ser mantidos no anonimato. Então, tiveram que mudar os traços dos personagens, mas sempre tentando manter as sutilezas das expressões faciais e corporais. Também utilizaram desenhos feitos à mão, chegando quase à abstração, em alguns momentos. Exemplos de filmes que usam rotoscopia: praticamente todos os Star Wars, Branca de Neve, A Bela Adormecida, A Pequena Sereia, A Bela e a Fera, O Rei Leão, Waking Life.


O uso de rotoscopia em Branca de Neve, 1937

“A Família Mitchell e a Revolta das Máquinas” (The Mitchells vs The Machines, 2021), direção e roteiro de Michael Rianda e Jeff Rowe, faz uma grande crítica à sociedade pós-moderna e à internet e usa como técnica de animação uma mistura muito interessante de 2D e 3D, muitos memes, emojis e até vídeos do YouTube. Tudo isso ajuda a retratar e reforçar o caos que é o mundo virtual nos dias de hoje, no qual temos acesso a milhões de informações ao mesmo tempo. Exemplo de filme que usa desenho à mão e CGI: A Viagem de Chihiro.


Cena da sequência do trem de A Viagem de Chihiro, que mescla técnicas de animação

Já Luca, Encanto e Raya e o Último Dragão, utilizam-se do 3D como técnica de animação, como a maioria dos filmes em animação que temos visto nos últimos tempos. É uma técnica interessante, que traz profundidade e um pouco mais de "realismo" para as imagens, mas que ao mesmo tempo nem sempre é usada para se destacar algo importante, como falamos nos dois exemplos anteriores.


Voltando à vaca fria, acho que já ficou mais que provado, em poucas linhas, que Animação não é um gênero em si, mas comporta sim todos os gêneros cinematográficos existentes! Em um outro episódio falaremos mais sobre animações! Até lá!

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