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Neo Musicais I - Baz Luhrmann e o Renascimento do Gênero Musical


Aproveitando o gancho do lançamento nos cinemas de Elvis, de Baz Luhrmann, resolvemos falar sobre musicais feitos durante o século XXI, que chamamos aqui de "Neo Musicais". Nesta primeira parte, contextualizamos as circunstâncias que permitiram o Renascimento do gênero, repopularizado graças a títulos célebres como Moulin Rouge e Chicago. Falamos também sobre o início da carreira de Luhrmann e sua contribuição para que tal renascimento ocorresse.



O gênero Musical no Cinema tem aquela característica polarizadora: ou as pessoas amam ou elas odeiam. Nós amamos! Não vamos falar muito dos Musicais Clássicos hoje, porque não é o foco e eles merecem um episódio exclusivo só para eles (anotem aí e nos cobrem depois), mas vamos só contextualizar aqui rapidinho no tempo e espaço!


Desde a invenção do Cinema, lá em 1895, a música está presente nos filmes, seja em experimentações que tentavam unir sons e imagens em um mesmo meio, até os pianistas ou orquestras que começaram a acompanhar com músicas as sessões do filme. O Cinema vira de fato sonoro em 1927, com “O Cantor de Jazz”, em Hollywood. A partir de então, os filmes musicais passam a ser bastante comuns e sucessos de público, durante a chamada Era de Ouro de Hollywood, que durou da década de 1920 até o final da década de 1960. Bom lembrar que durante boa parte dessa época Hollywood estava sob a censura do Código Hays (já falamos sobre isso em vários episódios) e filmes com conteúdo mais escapista, lúdico e romântico acabaram se destacando bastante e essas são características de vários musicais dessa época. A partir da década de 1970, os musicais não deixaram de existir, mas foram perdendo força e representatividade. A censura havia caído e os filmes voltaram a abordar com força total temáticas que até então estavam proibidas ou limitadas. Nas décadas de 1980 e 1990, ainda temos representantes de sucesso do gênero, mas os musicais acabam trazendo a música para dentro da narrativa do filme, de uma forma mais “orgânica”, sem os grandes números musicais com mudanças de cenário e interrupção da narrativa. Só para exemplificar o que estamos falando, pensem em grandes sucessos considerados como musicais como Dirty Dancing (1987), Flashdance (1983) e Footloose (1984), todos da década de 1980: a música está presente no filme e é de extrema importância, mas nem sempre são cantadas pelos atores como em muitos musicais clássicos e os números de dança estão mais inseridos e “justificados” na história. Em Dirty Dancing eles estão ensaiando para uma apresentação de dança. Em Footloose são manifestações de rebeldia (rock e dança foram proibidos na cidade). Em Flashdance, uma “dançarina exótica” tenta entrar em uma conceituada escola de balé.



Mas, e os Neo Musicais? Chegamos neles agorinha!


Em 1992, o diretor australiano Baz Luhrmann faz sua estreia no Cinema com Vem Dançar Comigo: um dançarino de salão resolve mudar de parceira e apresentar algo diferente no próximo concurso de dança de salão. Apesar de ser um musical bem aos moldes desses últimos 3 filmes que acabamos de falar, Baz Luhrmann já planta uma sementinha do que estaria por vir. O filme, uma produção australiana, recebeu 8 indicações ao BAFTA (incluindo de melhor filme e roteiro adaptado), das quais venceu em 3 categorias (figurino, trilha sonora e direção de arte).



Após o sucesso de Romeu + Julieta em 1996, uma releitura moderna do clássico de Shakespeare, com Leonardo DiCaprio e Claire Danes, que mais parecia um videoclipe de 2 horas, Baz Luhrmann lança, em 2001, Moulin Rouge: Amor em Vermelho, o filme que marca definitivamente a volta em grande estilo dos musicais às sessões de cinema e às grandes premiações, com uma nova linguagem. É o marco inicial dos Neo Musicais.


Moulin Rouge, com seu visual e edição de videoclipe, aliado a um elenco estrelar e clássicos do pop-rock revisitados em versões cheias de emoção, conta a história de um jovem e ingênuo aspirante a escritor que se apaixona pela estrela da casa noturna parisiense, o Moulin Rouge. Aqui, ao contrário dos musicais das décadas de 1980 e 1990, as músicas voltam a ser acompanhadas de espetaculares números de dança, como o eram nos Musicais Clássicos, porém com todo o aparato tecnológico do início dos anos 2000, que proporciona novas possibilidades com os efeitos visuais, edição e até mesmo do próprio som. O resultado: Moulin Rouge foi um grande sucesso de crítica e público, sendo indicado a 8 Oscars em 2002 (figurino, direção de arte, atriz, fotografia, edição, maquiagem, som e filme), dos quais levou 2 (figurino e direção de arte).


No Oscar seguinte, Chicago, filme musical do diretor Rob Marshall, com roteiro adaptado do musical homônimo de Bob Fosse por Bill Condon, liderou o ranking de indicações, concorrendo em 13 categorias (filme, direção, roteiro adaptado, atriz, atriz coadjuvante, duas indicações para ator coadjuvante, direção de arte, figurino, edição, som, fotografia e canção original), das quais ganhou 6 (filme, atriz coadjuvante, direção de arte, figurino, edição e som), inclusive o Oscar de Melhor Filme. É a consagração dos Neo Musicais.




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