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O papel das mulheres na História do Cinema - Parte III: Premiações

Updated: Mar 9, 2022

Infelizmente, a pouca representatividade de mulheres trabalhando na indústria cinematográfica também se reflete nas premiações, com destaque para o Oscar, que premiou pouquíssimas mulheres até hoje, em 94 edições, ou seja, em quase 100 anos. É desanimador, mas… vamos aos números:




MELHOR FILME

Produtoras estiveram nas equipes de 12 filmes vencedores do maior prêmio:

  1. 1974 - 46ª Edição do Oscar - Julia Phillips (ao lado de Tony Bill e Michael Phillips) por “Golpe de Mestre” (The Sting, 1973)

  2. 1990 - Lili Fini Zanuck (ao lado de Richard D. Zanuck) por “Conduzindo Miss Daisy” (Driving Miss Daisy, 1989)

  3. 1995 - Wendy Finerman (ao lado de Steve Tisch e Steve Starkey) por “Forrest Gump” (1944)

  4. 1999 - Donna Gigliotti (ao lado de David Parfitt, Harvey Weinstein - EW, Edward Zwick e Marc Norman) por “Shakespeare Apaixonado” (Shakespeare In Love, 1998)

  5. 2004 - Fran Walsh (ao lado de Barrie M. Osborne e Peter Jackson) por “O Senhor dos Anéis: O Retorno do Rei” (The Lord Of The Rings: The Return Of The King, 2022)

  6. 2006 - Cathy Schulman (ao lado de Paul Haggis) por “Crash: No Limite” (Crash, 2004)

  7. 2010 - Kathryn Bigelow (ao lado de Mark Boal, Nicolas Chartier e Greg Shapiro) por “Guerra ao Terror” (The Hurt Locker, 2008)

  8. 2014 - Dede Gardner (ao lado de Brad Pitt, Jeremy Kleiner, Steve McQueen e Anthony Katagas) por “12 Anos de Escravidão” (12 Years a Slave, 2013)

  9. 2016 - Nicole Rocklin e Blye Pagon Faust por "Spotlight: Segredos Revelados" (Spotlight, 2015)

  10. 2017 - Adele Romanski e Dede Gardner (ao lado de Jeremy Kleiner) por "Moonlight: Sob a Luz do Luar" (Moonlight, 2016)

  11. 2020 - Kwak Sin Ae (ao lado de Bong Joon Ho) por "Parasita" (Gisaengchung, 2019)

  12. 2021 - Chlóe Zhao, Frances McDormand e Mollye Asher (ao lado de Peter Spears e Dan Janvey) por “Nomadland” (2020)


Em 2022 temos 5 mulheres na equipe de produção dos filmes indicados: Mary Parent por “Duna” (Dune: Part One, 2021); Laura Berwick, Becca Kovacik e Celia Duval por “Belfast” (2021); Sara Murphy por “Licorice Pizza” (2021); Jane Campion e Tanya Seghatchian por “Ataque dos Cães” (The Power Of The Dog, 2021) e Kristie Macosko Krieger por “Amor, Sublime Amor” (West Side Story, 2021).



MELHOR DIREÇÃO

Kathryn Bigelow venceu em 2010 por “Guerra ao Terror” (The Hurt Locker, 2008) e Chloé Zhao em 2021 por “Nomadland” (sendo também a primeira e única asiática a ganhar o prêmio). Até 2020, além de Kathryn Bigelow, só outras quatro mulheres haviam sido indicadas ao Oscar de Melhor Direção: Lina Wertmüller por "Pasqualino Sete Belezas" (Pasqualino Settebellezze, 1975) em 1977, Jane Campion por "O Piano" (The Piano, 1993) em 1994, Sofia Coppola por "Encontros e Desencontros" (Lost In Translation, 2003) em 2004 e Greta Gerwig por "Lady Bird" (2017) em 2018. Em 2021 o número aumenta com as indicações da vencedora Chloé Zhao e de Emerald Fennell por “Bela Vingança” (Promising Young Woman, 2020).


Em 2022 temos Jane Campion concorrendo por “Ataque dos Cães”, a única mulher a ser indicada 2 vezes na categoria (a primeira foi em 1994, por “O Piano”).


As vencedoras do Oscar de Melhor Direção, Kathryn Bigelow e Chloé Zhao

MELHOR ROTEIRO ORIGINAL E MELHOR ROTEIRO ADAPTADO

9 Oscars de Melhor Roteiro Original e 8 Oscars de Melhor Roteiro Adaptado (primeiras categorias a premiar mulheres nas décadas de 1930 e 1940)


Roteiro Adaptado

  1. 1930 - Frances Marion por “O Presídio” (The Big House, 1930). O prêmio ainda se chamava “Melhor Escrita” e era a 3ª edição do Oscar e 1ª edição a premiar mulheres nas principais categorias

  2. 1934 - Sarah Y. Mason (ao lado de Victor Heerman) por “As Quatro Irmãs” (Little Women, 1933)

  3. 1943 - Claudine West (ao lado de Arthur Wimperis, George Froeschel e James Hilton) por “Rosa de Esperança” (Mrs. Miniver, 1942)

  4. 1987 - Ruth Prawer Jhabvala por "Uma Janela para o Amor" (A Room With a Wiew, 1985)

  5. 1993 - Ruth Prawer Jhabvala por "Retorno a Howards End" (Howards End, 1992)

  6. 1996 - Emma Thompson por "Razão e Sensibilidade" (Sense and Sensibility, 1995)

  7. ​​2004 - Fran Walsh e Philippa Boyens (ao lado de Peter Jackson) por "O Senhor dos Anéis - O Retorno do Rei" (The Lord Of The Rings: The Return Of The King, 2022)

  8. 2006 - Diana Ossana (ao lado de Larry McMurtry) por "O Segredo de Brokeback Mountain" (Brokeback Mountain, 2005)


Em 2022 temos indicadas Maggie Gyllenhaal por “A Filha Perdida” (The Lost Daughter, 2021), Jane Campion por “Ataque dos Cães” (The Power Of The Dog, 2021) e Sian Heder por “No Ritmo do Coração” (Coda, 2021).


As concorrentes ao Oscar de Melhor Roteiro Adaptado esse ano: Maggie, Jane e Sian

Roteiro Original

Surgiu em 1941, na 13ª Edição do Oscar

  1. 1947 - Muriel Box (ao lado de Sydney Box) por “O Sétimo Véu” (The Seventh Veil, 1945)

  2. 1956 - Sonya Levien (ao lado William Ludwig) por “Melodia Interrompida” (Interrupted Melody, 1955)

  3. 1979 - Nancy Dowd (ao lado de Waldo Salt e Robert C. Jones) por “Amargo Regresso” (Coming Home, 1978)

  4. 1986 - Pamela Wallace (ao lado de Earl W. Wallace e William Kelley) por “A Testemunha” (Witness, 1985)

  5. 1992 - Callie Khouri por “Thelma & Louise” (1991)

  6. 1994 - Jane Campion por “O Piano” (The Piano, 1993)

  7. 2004 - Sofia Coppola por “Encontros e Desencontros” (Lost In Translation, 2003)

  8. 2008 - Diablo Cody por “Juno” (2007)

  9. 2021 - Emerald Fennell por “Bela Vingança” (Promising Young Woman, 2020).

Em 2022 não temos mulheres concorrendo nesta categoria.


MELHOR DOCUMENTÁRIO

É a categoria com o maior número de mulheres vencedoras, com 22 prêmios ao todo.


  1. 1956 - Nancy Hamilton por “Helen Keller In Her Story”

  2. 1973 - Sarah Kernochan (ao lado de Howard Smith) por “Marjoe”

  3. 1977 - Barbara Kopple por “Harlan County, U.S.A.”

  4. 1986 - Maria Florio e Victoria Mudd por “Broken Rainbow”

  5. 1987 - Brigitte Berman por “Artie Shaw: Time Is All You've Got” - houve empate em 1987

  6. 1987 - Lee Grant por “Down and Out in America” (era diretora do filme e não produtora, mas subiu ao palco para receber o prêmio também. após essa situação, a Academia colocou a regra de que o diretor do documentário deve ser também um dos seus produtores)

  7. 1988 - Aviva Slesin por “The Ten-Year Lunch: The Wit and Legend of the Algonquin Round Table”

  8. 1991 - Barbara Kopple (ao lado de Arthur Cohn) por “American Dream”

  9. 1992 - Allie Light (ao lado de Irving Saraf) por “In the Shadow of the Stars”

  10. 1993 - Barbara Trent (ao lado de David Kasper) por “The Panama Deception”

  11. 1994 - Susan Raymond (ao lado de Alan Raymond) por “I Am a Promise: The Children of Stanton Elementary School”

  12. 1995 - Freida Lee Mock (ao lado de Terry Sanders) por “Maya Lin: A Strong Clear Vision”

  13. 2001 - Deborah Oppenheimer (ao lado de Mark Jonathan Harris) por “Into the Arms of Strangers: Stories of the Kindertransport”

  14. 2005 - Zana Briski (ao lado de Ross Kauffman) por “Born into Brothels”

  15. 2008 - Eva Orner (ao lado de Alex Gibney) por “Taxi to the Dark Side”

  16. 2011 - Audrey Marrs (ao lado de Charles Ferguson) por “Inside Job”

  17. 2014 - Caitrin Rogers (ao lado de Morgan Neville e Gil Friesen) por “20 Feet from Stardom”

  18. 2015 - Laura Poitras e Mathilde Bonnefoy (ao lado de Dirk Wilutzky) por “CitizenFour”

  19. 2017 - Caroline Waterlow (ao lado de Ezra Edelma) por “O.J.: Made in America”

  20. 2019 - Elizabeth Chai Vasarhelyi e Shannon Dill (ao lado de Jimmy Chin e Evan Hayes) por “Free Solo”

  21. 2020 - Julia Reichert (o lado de Steven Bognar e Jeff Reichert) por “American Factory”

  22. 2021 - Pippa Ehrlich (ao lado de James Reed e Craig Foster) por “My Octopus Teacher”

Em 2022 temos indicadas Jessica Kingdon por “Ascension” e Traci A. Curry por “Attica”.



E, no Festival Internacional de Cannes, a situação ainda é pior! Apenas duas mulheres levaram a Palma de Ouro para casa, em mais de 70 anos que o prêmio existe: Jane Campion em 1993 por “O Piano” (The Piano, 1993) e Julia Ducournau em 2021 por “Titane” (2021).



Novas Regras de Elegibilidade para o Oscar de Melhor Filme


Entretanto, a Academia apresentou algumas novas regras para que os concorrentes ao Oscar de Melhor Filme tenham mais representatividade, não apenas de mulheres, mas também de outros grupos subrepresentados. A partir do 96º Oscar, em 2024, um filme precisa incluir dois de quatro critérios de inclusão e representatividade para ser elegível à categoria de Melhor Filme. Os critérios são:


A) Representação na tela, temas e narrativas: - ao menos um dos atores do elenco principal deve pertencer a uma minoria étnica ou racial, ou;

- ao menos 30% de atores do elenco secundário deverão ser compostos por mulheres, membros de um grupo racial ou étnico subrepresentado, pessoas LGBTQIA+ ou pessoas com deficiência, ou;

- a história, tema ou narrativa principais do filme deve ser centrada em mulheres, membros de um grupo racial ou étnico subrepresentado, pessoas LGBTQIA+ ou pessoas com deficiência

B) Liderança criativa e equipe: - ao menos dois dos chefes de departamento (casting, direção de fotografia, compositor, figurinista, designer de produção, diretor, montador, maquiador, cabeleireiro, produtor, técnico de som, supervisor de efeitos especiais, roteirista) devem ser mulheres, membros de um grupo racial ou étnico subrepresentado, pessoas LGBTQIA+ ou pessoas com deficiência, ou;

- Ao menos seis membros da equipe deverão fazer parte de um dos grupos sub representados (excluindo assistentes de produção), ou;

- Ao menos 30% da equipe deve ser composta por membros dos grupos sub representados.


C) Acesso à indústria e oportunidades: - a empresa distribuidora ou financiadora do filme deve oferecer estágios remunerados a membros dos grupos sub-representados, e;

- a produtora, distribuidora ou empresa financiadora do filme deve oferecer treinamento e/ou oportunidades de trabalho a pessoas dos grupos sub-representados


D) Desenvolvimento de público: - O estúdio ou produtora deve possuir executivos sênior que sejam membros dos grupos sub-representados em suas equipes de marketing, publicidade e/ou distribuição.


E então? O que acharam das novas regras da Academia? Será que assim teremos de fato uma maior representatividade no Oscar? Esses parâmetros só valem para a categoria de Melhor Filme, mas como é justamente esta que todas as produtoras e estúdios almejam, podemos esperar que o resultado atinja também filmes indicados em outras categorias. Ainda é pouco, mas... um passo de cada vez, não é? Infelizmente a caminhada até a igualdade é bem longa.

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