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Setembro Amarelo e o Cinema

Você sabe o que é o Setembro Amarelo?


“Desde 2014, a Associação Brasileira de Psiquiatria – ABP, em parceria com o Conselho Federal de Medicina – CFM, organiza, em território nacional, o Setembro Amarelo®. O dia 10 deste mês é, oficialmente, o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio” (visite o site www.setembroamarelo.com para mais informações).


Apesar do foco ser a prevenção ao suicídio, o Setembro Amarelo acaba falando de saúde mental de uma maneira geral, uma vez que, de acordo com dados do site, “praticamente 100% de todos os casos de suicídio estavam relacionados às doenças mentais, principalmente não diagnosticadas ou tratadas incorretamente”. Precisamos entender que a saúde mental é tão importante quanto a saúde física (lembram do ditado? mente sã, corpo são) e discutir mais sobre o assunto, na tentativa de acabar mesmo com o preconceito que nossa sociedade ainda tem em buscar ajuda qualificada de psicólogos e psiquiatras. E nossa saúde mental pode ser comprometida de maneiras diversas. Temos que estar atentos para identificar os sinais e sempre buscar apoio de amigos e familiares, além de ajuda de profissionais qualificados.


Não vamos entrar em uma discussão aprofundada do assunto, porque não é o foco do A Tela Que Habito e também porque não somos profissionais qualificadas da área. Mas, ao longo de toda a História do Cinema, são vários os filmes e séries que tratam de assuntos relacionados à saúde mental, como o suicídio, em si, mas também sobre tudo aquilo que pode desencadeá-lo como a depressão, distúrbios alimentares e abusos físicos e/ou mentais, por exemplo. Além disso, o Cinema (e aqui enquadramos filmes e séries também, por que não?), assim como outras artes, tem um grande poder de catarse, tanto para expurgar sentimentos quando nos identificamos com algum personagem quanto dar aquela gargalhada espontânea em um momento que precisávamos aliviar alguma tensão ou desopilar.


Assim, teremos uma semana inteira dedicada ao Setembro Amarelo. Falaremos brevemente sobre gaslighting (você sabia que o termo surgiu a partir de um filme?), depressão, distúrbios alimentares e sobre filmes e séries que abordam esses temas, discutidos no Setembro Amarelo. Mas também daremos - lá no nosso instagram - dicas de filmes para levantar o astral, inspirar, dar boas risadas e quentinhos no coração. Então, bora lá?



Gaslighting


Gaslighting - manipulação psicológica, em uma livre tradução - é uma forma de abuso psicológico no qual informações são distorcidas, omitidas ou inventadas pelo abusador, com a intenção de manipular a vítima e fazer com que a mesma duvide de sua própria memória, percepção e sanidade. É um tipo de violência psicológica sutil, mas que pode causar séria instabilidade emocional, ansiedade, depressão, dependência emocional, baixa autoestima, dentre outras coisas. Apesar de ser um tipo de abuso que pode ser praticado contra qualquer pessoa, geralmente as mulheres são as mais afetadas, por conta do machismo e do patriarcado, que estão entranhados em nossa sociedade. Nós, mulheres, sempre carregamos o estigma de loucas, histéricas, exageradas, dramáticas. Quem aqui nunca ouviu um homem contar que tinha uma ex-namorada louca? Por aqui infelizmente já ouvimos demais e até pior.


O termo gaslighting começou a ser amplamente utilizado e difundido na psicologia a partir dos anos 1960, entretanto tem sua origem em um filme de 1944. O filme se chama, em português, À Meia-Luz, mas seu título original é Gaslight. Dirigido por George Cukor, o roteiro é baseado em uma peça de teatro londrina, de 1938, que também teve uma versão na Broadway e um primeiro filme, em 1940, realizado na Inglaterra. Mas a história acabou ficando popular com o filme de Cukor, que concorreu a 8 Oscars, levando o de Melhor Atriz para Ingrid Bergman. No filme, um homem faz de tudo para convencer a esposa de que ela está perdendo a razão, na intenção de ficar com sua fortuna. Mas, por que Gaslight (lâmpada à gás)? Porque, em tempos de pré-eletricidade, só era possível ter luz à gás, que podia ficar mais forte ou mais branda de acordo com a quantidade de gás liberado. Assim, passa a ser uma metáfora: falhas na iluminação, falhas na memória.

Geralmente o gaslighting tem a intenção de minar a confiança e a autoestima da vítima, mas também pode ser uma estratégia usada pelo abusador para desqualificar a vítima de uma violência sexual ou uma agressão física, por exemplo. Inclusive temos muitos e muitos filmes e seriados que abordam esse viés. Aliás, o seriado Law & Order Special Victims Unit é campeão de abordagem ao assunto. Faríamos uma lista enorme aqui com todos os episódios que tem vítimas de gaslighting, ao longo de mais de 20 anos de série!



Mas, o que fazer quando somos vítimas de gaslighting? A primeira coisa - e que não é nada fácil - é reconhecer os sinais do abuso. Depois, é contar com o apoio de amigos e familiares. Muitas vezes o abusador afasta a vítima de seu círculo de amizades e família, porque assim consegue ser a única figura de referência para a vítima, o que facilita a manipulação e a dependência emocional. Então, é preciso romper esse isolamento e ciclo de abuso e se afastar do abusador, o que também não é nada fácil, uma vez que as vítimas estão instáveis emocionalmente e dependentes do abusador. Por isso amigos e família são essenciais, mas não são o suficiente. É necessário também procurar ajuda de profissionais especializados em saúde mental. E é de extrema importância entender que o processo todo não é nada fácil e leva tempo.



Filmes e séries que abordam o tema:
  • A Garota no Trem (The Girl On The Train, 2016), dirigido por Tate Taylor e escrito por Erin Cressida Wilson (disponível no Star+, Prime Video e Globoplay)

  • O Homem Invisível (The Invisible Man, 2020), dirigido e escrito por Leigh Whannell (disponível para compra na Apple TV+)

  • Bela Vingança (Promising Young Woman, 2020), dirigido e escrito por Emerald Fennell (disponível na GloboPlay)

  • Law & Order Special Victims Unit (1999 - ), 24 Temporadas (disponível na GloboPlay)

  • Jessica Jones (2015-2019), 3 Temporadas (disponível na Disney+)

  • Bom dia, Verônica (2020 - ), 2 Temporadas (disponível na Netflix)


Depressão


Antes de mais nada: depressão não é frescura. Segundo o site do médico Drauzio Varella: "é uma doença psiquiátrica crônica e recorrente que produz uma alteração do humor caracterizada por uma tristeza profunda, sem fim, associada a sentimentos de dor, amargura, desencanto, desesperança, baixa autoestima e culpa, assim como a distúrbios do sono e do apetite". É uma doença incapacitante, que acomete milhares de pessoas e que muitas vezes não é identificada e/ou tratada, justamente pelo preconceito e estigma de ser frescura, de ser um momento de tristeza qualquer. Depressões podem acabar com empregos, relacionamentos e até com vidas. E existem vários tipos de depressão, como a pós-parto e depressões associadas à ansiedade, por exemplo, assim como os sintomas variam muito de pessoa para pessoa. Por isso é essencial a avaliação de profissionais qualificados, tanto para identificar o quadro depressivo quanto para encaminhar para o melhor tratamento.



Filmes e séries que abordam o tema:
  • As Virgens Suicidas (The Virgin Suicides, 1999), dirigido e escrito por Sofia Coppola (disponível para aluguel na Apple TV+)

  • As Horas (The Hours, 2002), dirigido por Stephen Daldry e escrito por David Hare (disponível para aluguel na Apple TV+)

  • As Vantagens de Ser Invisível (The Perks Of Being a Wallflower, 2012), dirigido e escrito por Stephen Chbosky (disponível na Netflix, HBO Max, GloboPlay e Starz)

  • Por Lugares Incríveis (All The Bright Places, 2020), dirigido por Brett Haley e escrito por Jennifer Niven e Liz Hannah (disponível na Netflix)

  • After Life: Vocês Vão Ter Que Me Engolir (After Life, 2019-2022), 3 Temporadas (disponível na Netflix)

  • This is Us (2016-2022), 6 Temporadas (disponível na Star+)


Distúrbios Alimentares


Distúrbios alimentares ou transtornos alimentares surgem de uma visão distorcida que uma pessoa tem do seu próprio corpo e geralmente vem acompanhados de ansiedade e depressão. Anorexia, bulimia, compulsão são alguns dos transtornos mais conhecidos, mais comuns entre as mulheres, embora também acometam homens. Vivemos em uma sociedade que nos bombardeia o tempo todo com a busca pelo "corpo perfeito", pelo "corpo ideal". A pressão estética é tanta que muitas pessoas acabam desenvolvendo esses distúrbios que são graves, podem levar a outras doenças e até mesmo à morte. E, aqui, vamos repetir mais uma vez o que já dissemos ao longo de todo o texto: é de extrema importância, vital até, que pessoas que sofrem de transtornos alimentares procurem a ajuda de profissionais qualificados.



Filmes que abordam o tema:
  • O Mínimo Para Viver (To The Bone, 2017), dirigido e escrito por Marti Noxon (disponível na Netflix)

  • Corpo Perfeito (Perfect Body, 1997), dirigido por Douglas Barr e escrito por Melissa Gould

  • Thin (2006), dirigido por Lauren Greenfield (disponível na HBO Max).

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